segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Seguindo Deus através da Tragédia

A tragédia envolve perda e derrota. Há um princípio espiritual difícil para os cristãos ocidentais. Alguns estudiosos dão-lhe o nome de princípio da inversão do reino. Eu às chamo de ganhar por intermédio da perda. Ele se se relaciona à forma como Deus extrai o bem de alguma coisa que era ruim. Em meio a catástrofes terríveis, Deus se coloca em ação de maneiras curiosas, ao lado do cenário.

A década de 1989 foi chamada de década da ganância. Vi muitos de meus contemporâneos colecionarem vitórias - na profissão, nos estudos, nas finanças. Sempre me perguntava que efeitos essas conquistas externas estavam causando na vida interior das pessoas. Talvez elas estivessem perdendo a capacidade de se relacionar em amor e intimidade com Deus, a família e os amigos. Talvez estivessem abrindo mão do caráter e da coragem enquanto enquanto prosseguiam em seu caminho. "Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos 8.36).

Em meio a tudo isso, no ano de 1987, visitei duas igrejas diferentes, em dois domingos consecutivos. O pastor da primeira igreja havia escrito livros de muito sucesso e dirigia um programa de rádio de grande audiência em todo o país. Durante o culto, ouvi falar muito mais sobre sucesso do que sobre a verdadeira vida espiritual. E, antes do início e ao final do culto, as pessoas trocavam cartões de visitas e arrumavam a sala em vez de orar umas pelas outras e desfrutar os momentos de companheirismo. Senti naquele lugar muito mais espírito de competição do que amor comunitário.  Havia mais grandiosidade do que humildade e serviço. Saí daquela igreja desiludido e decepcionado.

Na segunda igreja, o próprio pastor confessou que não estava indo nada bem. Na verdade, o sermão daquele dia foi a manifestação espontânea de suas imensas tristezas. Seu filho, de 16 anos, sofria de uma doença no sangue e havia piorado. Os recursos do pastor, já limitados, haviam sido todos usados, de modo que ele, preocupado com suas finanças, não conseguia dormir. Para culminar os problemas, o filho mais novo estava decepcionado com Deus, porque achava que Ele não se manifestava para amenizar o sofrimento do irmão. Com isso, havia abandonado a fé. Naquele domingo, o pastor nem conseguia falar direito com o povo sobre a dor que havia em seu coração. Sentia-se  envergonhado, e a toda hora dizia:

_Eu sinto muito não ser mais forte.

Mas, de repente, percebi a atuação sobrenatural de Deus, que era palpável. Lágrimas de compaixão e aceitação corriam pelos rostos dos membros da igreja. Assim que o culto acabou, aquele sofrido pastor foi cercado por uma verdadeira multidão. Alguns o confortavam, outros o abraçaram e outros oraram por ele. Houve quem , espontaneamente, pegasse o talão de cheques e fizesse uma doação para ele. E, antes de ir embora, aquele povo cantou um hino de fé com tanta sinceridade e beleza que eu suspeitei que os anjos também estavam cantando.

Aquele dia foi um dos mais tremendos que já vivenciei. Fui embora pensando:

Na semana passada todos eram vencedores e eu saí decepcionado. Hoje, um homem está enfrentando um perda terrível e encontrei a espiritualidade misteriosa e maravilhosa que desejava encontrar. Qual o segredo?

Alguns dias depois, estava em um restaurante quando escrevi o seguinte:
Estou convencido de que a prosperidade causa na alma doenças que a adversidade jamais causará.

Desde essa minha experiência, sempre suspeito quando presencio uma série de vitórias e fico espiritualmente alerta quando as coisas não vão bem.
O aumento de ajuda comunitária não acontece após os discursos presidências mais brilhantes, nem depois de uma medalha de ouro nas olimpíadas ou de outra grande vitória. As pessoas se mobilizam para ajudar as outras depois de uma derrota terrível - ou uma perda trágica. Esse é o melhor papel de Deus - agir com as costas voltadas para a calamidade tremenda. Nosso Deus Agir de maneira redentora em meio aos escombros e levantar algo novo e renovado.

Em um final de semana normal, durante tempos de tranquilidade, mais da metade da população prefere ir a outros lugares e não a um culto. Não querem declarar a fé em Deus, confessar pecados nem edificar a alma. Mas, quando as calamidades se abatem sobre a população, a frequência à cultos aumenta. Ninguém convoca as pessoas para irem ao culto: elas aparecem por contar própria. Por quê? Durante as tragédias, Deus lembra às pessoas que todos precisam  de sua sabedoria, Seu amor e Sua força. As vitórias não produzem esse efeito, as derrotas, sim.

Bill Hybels
Livro: Encontrando Deus nas Dificuldades da Vida


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Em todas as fases da vida é interessante não esquecer de Deus. Que tudo de bom vem dele, e que em todas as circunstancias Ele age com amor e misericórdia conosco. Como seres humanos, muitas vezes achamos que nossa condição vitoriosa e prospera poderá nos sustentar, Mas o fato é que só Deus nos sustenta e pode nos suportar nessa vida.

Que O Senhor nos ajude!



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